Ventura
João de Deus (1830-1896)
O sol na marcha luminosa voa
Lançando à terra majestoso olhar;
Passa cantando quem o ar povoa,
E a praia abraça venturoso o mar.
No bosque o vento doce canto entoa,
Ouvem-se em coro a multidão cantar;
Que a um só triste o coração lhe doa,
Que eu seja o único a sofrer, penar!
Por ti, saudade... de quem vai tão perto
E a quem dos olhos e das mãos perdi
Neste tão ermo, lúgubre deserto!
Por ti, ventura... que uma vez senti;
Por ti que às vezes a meu peito aperto
E... o peito sem ti ver a ti!