Antônio Lázaro de Almeida Prado
De noite, de arcana luz eu me alimento,
De dia, busco sempre a luz discreta;
De noite, a Esperança é meu sustento
De dia, a sombra esquiva é a predileta.
Vejo na noite a precessão da aurora,
Nas tardes o fulgor é recessivo,
Anseio pela noite, que demora,
E o meridiano sol sinto excessivo.
Se ao sono entrego este meu corpo lasso,
Ganho no sonho luz túrgida e clara,
E em toda treva luz sempre devasso.
A meia-noite vem e a noite passa,
E subitânea luz, logo me aclara
Os sonhos, já libertos de fumaça...