Amigos do Fingidor

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Teares

Rosa Clement


Se a aranha no teto tece,
aqui embaixo também teço,
tricoto no escuro espaço
e fios de pensamentos
em sonhos desembaraço.

Ela espera a calmaria
sem desfile de ruídos.
Eu insisto em devaneios
para tecer as lembranças,
combinando os entremeios.

Meu tear vai fabricando
com deslumbre do passado
os tecidos mais brilhantes,
vai cerzindo os esgarçados,
e compõe dias distantes.

Vejo a aranha em pleno plano,
sábia da paz planejada,
só esperando a comida.
Sou eu agora essa presa
em sua trama perdida.