Zemaria Pinto
não quero a Palas penetrar sua imanência
o corpo etéreo, a torturada solidão
do olhar vazio a contemplar os horizontes
inatingíveis por humanas pretensões
eu quero sim a pele escura, os olhos míopes
de uma anti-helênica beleza, Diacuí
a torneada calipígia de suas ancas
dançando sôfrega e selvagem sobre mim
daí então vou distorcer o som da lira
cantar asneiras ancestrais, cantar leseiras
fazer barulho para o sono da cidade
depois dormir no leito impuro dos amantes
pois a Beleza, eu sentei-a no meu colo
e penetrei-lhe com a lascívia dos mortais