Amigos do Fingidor

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Estante do tempo

A Enchente
Quintino Cunha (1873-1943)


Sinistro cresce o rio bom de outrora,
Mas hoje um cruel, fazendo mil estragos,
Já não tem coração, não tem afagos,
Para si mesmo, o Solimões d’agora;

Mas, em compensação, há nisto uns vagos
Tons de alegria impressionadora:
É que alegres os peixes vão-se embora,
Pelos igarapés, para os seus lagos.

E, do oeiranal, pousadas tristemente,
Com a mesma tristeza com que a gente
Se prostra, às vezes, quando sente mágoas,

As garças olham como a praia há de
Em breve se esconder, naquelas águas,
As garças olham... tristes de saudade!...