Amigos do Fingidor

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Poesia em tradução

Meus livros
Jorge Luis Borges (1899-1986)




Meus livros (que não sabem que eu existo)

São tão parte de mim como este rosto

De fontes grises e de grises olhos

Que inutilmente busco nos cristais

E que com a mão côncava percorro.

Não sem alguma lógica amargura

Penso que as palavras essenciais

Que me expressam se encontram nessas folhas

Que não sabem quem sou, não nas que escrevi.

Melhor assim. As vozes dos mortos

Vão me dizer para sempre.


(Trad. Josely Vianna Baptista)