Amigos do Fingidor

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Soneto 340 – Sintético

Glauco Mattoso



De como a poesia é definida
depende a trajetória do poeta.
Qual é, pergunto, a fórmula secreta
que traça em poucas linhas uma vida?

Segundo Rilke, a lira não duvida.
Mas Eliot é turrão, e tudo objeta.
Bashô quanto mais crê menos se aquieta.
Pessoa diz que é fé na dor fingida.

Divergem tantos mestres só no tom.
Não há por que dar tratos ao bestunto:
há química no verso, não um dom.

Qualquer opinião, qualquer assunto
será, verdade ou não, poema bom
se for densa a fração, breve o conjunto.