Elson Farias
Jorge de Lima pousa sobre a lama
e mergulha em seu mundo o corpo todo,
seu verso é laborado com o limo
das histórias de escravos e feitores.
O espírito do pai tocou seu peito
mas as visões domaram o menino,
dominaram as mãos maduras do homem
na construção do verso buliçoso.
Donzelas nas janelas desgrenhadas
as negras cabeleiras pelas noites
de lua, luar mórbido nas telhas
das casas senhoriais abandonadas,
é o verso e o reverso dos inventos
desse Orfeu, exilado na sua ilha,
Prometeu condenado, sem saída.