Amigos do Fingidor

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Jorge de Lima

Elson Farias



Jorge de Lima pousa sobre a lama
e mergulha em seu mundo o corpo todo,
seu verso é laborado com o limo
das histórias de escravos e feitores.

O espírito do pai tocou seu peito
mas as visões domaram o menino,
dominaram as mãos maduras do homem
na construção do verso buliçoso.

Donzelas nas janelas desgrenhadas
as negras cabeleiras pelas noites
de lua, luar mórbido nas telhas
das casas senhoriais abandonadas,

é o verso e o reverso dos inventos
desse Orfeu, exilado na sua ilha,
Prometeu condenado, sem saída.