Amigos do Fingidor

sábado, 11 de dezembro de 2010

Poesia em tradução

Salvat Monho (1749-1821)



Baco não quer altar nem quer admiração.
Para os homens deixou somente uma instrução:
o vinho sem a água à vontade beberem,
se da morte manter-se a distância quiserem.

Se pensam que viver se reduz a existir,
felizes vamos ser e um bom gole ingerir.
Pois não sabemos como a vida prolongar,
deixemo-nos beber se o coração mandar.

Se alguém se dá ao trabalho, então não perca a vez:
o copo está vazio, pode enchê-lo outra vez.
Gozar, até esquecer o que nos aborrece
e as lembranças ruins que ninguém esquece.

Bebamos outra vez; é como sói dizer:
que dois copos depois, o terceiro é um dever.
E se esse coração no fundo ainda é triste,
talvez o quarto copo enfim o reconquiste.

 
(Trad. Fábio Aristimunho Vargas)