Cromo
Maranhão Sobrinho (1879-1915)
Desce a tarde. Faísca o sol distante,
tingindo o céu de púrpura sagrada
e, dos montes, dourando, instante a instante,
a sinuosa e oblonga cumeada...
Do mar a face de ouro e azul plissada
faísca opalas vivas, coruscante
como um pedaço imenso da alvorada
entre as glórias e as pompas do levante!
De vez em quando, sobre a face imota
do mar, toda a fulgir de pedraria,
roça a asa de luz de uma gaivota...
E vão chegando, aos últimos fulgores
do sol que vai dourando as penedias,
longe, os barcos gentis dos pescadores...