Este poema é dos pássaros
Gary Snyder
Pássaros em vórtice convergem sobre os tetos
Milhafres mergulham, pendem para a forma de neblina enrolada
Da costa: pontos mudando linhas em linhas na altura,
definido o futuro.
Espane fumaça dos olhos,
poeira da mente,
Com o abano de rêmiges de águia.
Um falcão flutua rumo ao céu distante.
Uma marmota sibila entre rochas enormes.
Chuva nas colinas californianas.
Mariscos se prendem a pedras do mar
Sugando as marés da Primavera
Chuvas empapam o pardo restolho
Campos repletos de patos
Chuvas varrem o eucalipto
Estranhos pinheiros na costa
folhas agulheadas duas por feixe
O céu inteiro tremula ao vento
Andorinhões
Voando pela tempestade
Volteando por perto escutam silvo agudo de asas
Maçaricos
cinza pálido
lençóis pluviais desenrolando-se lentos,
Negros andorinhões.
...os andorinhões declaram
Enquanto disparam: Vê agora ou jamais!
(Trad. Paulo Vizioli)