Thiago de Mello
Ontem sonhei com três rinocerontes
que me chamavam, rosas no unicórnio,
pelo nome que tive de menino.
Mordidos pelos pássaros noturnos,
pupilas assombradas, me chamavam
a com eles partir, antes da aurora,
para o lugar onde as estrelas nascem,
enquanto se afundavam numa lama
coberta de ametistas e de garças.
Quero ficar. Mas antes que se afundem,
a pele, peço, a pele que me deixem,
em carne viva sigam pelos pântanos,
mas a pele me deixem, que proteja
o que no peito meu finda de infância.