Dor elegante
Paulo Leminski (1944-1989)
um homem com uma dor
é muito mais elegante
caminha assim de lado
como se chegando atrasado
andasse mais adiante
carrega o peso da dor
como se portasse medalhas
uma coroa um milhão de dólares
ou coisa que os valha
ópios edens analgésicos
não me toquem nessa dor
ela é tudo que me sobra
sofrer vai ser minha última obra