Roberto Evangelista
O viajante deita
e no sono continua a
caminhada.
Canaranas na
corrente: passam ilhas,
continentes.
Vôo de garças
em diamante: altíssima
geometria.
No casco da tarta-
ruga as rugas do
tempo em fuga.
Braço e remo,
doce impulso, abrem
n’água o sulco.
O peixe vivo
faz vibrar o coração
e o caniço.
O vôo poente
das andorinhas enverga
o horizonte.
No espelho das águas
a nave solar mergulha
flamejante.
Ave, palavra:
o ninho! E quanta vida
sustentas!
Pulsar, ah, o pulsar...
E cada coração é uma
estrela.