Amigos do Fingidor

terça-feira, 31 de março de 2009

pouco a pouco

Alexandre Serrão

fecharam a porta
com chave única
me deixando fora
a chorar
por te querer
quis a lâmina
que não afundou
quis a negra
que apagou

te trazendo
sem sombras
em destroços
participando comigo
do sonho que não dormiste
me dizes da divisa
a porta não descerra
o vidro não se quebra
o tempo fecha
não ameniza a espera
me jogas de teu medo

e torno à porta
a lâmina brilha
a negra se recusa
não mais apaga
não mais apaga

mas ela dá voltas
ouço
e o vidro estilhaça
pouco a pouco