Renato Augusto Farias de Carvalho
Todos os dias
navego a meninice baré
molhado de um sol ardente
feito pimenta-murupi.
Renovo o velho berço da paz,
nas coxas quentes que profanei.
Não existe no meu canto
nada mais falso que o recato,
libelo inocente,
canto caboclo de amor.
Aqui me navego por inteiro
num imenso amazonas de saudade.
Amigos do Fingidor
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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Sorvete de pitanga
Renato Augusto Farias de Carvalho
Pitanga congelada.
Discute-se, na Universidade de Boston: se o elemento
básico da pitangocelomitina é,
assim, substância tão remota.
(o vinho e o vinagre
a gente
pensa que sim.)
Desisto.
Não vou mais a
Boston. Faço doutorado
aqui mesmo
na praia de São Conrado.
Há clima bom e restam
pitangas frescas
a apanhar no pé.
Reservas, pra
enriquecer a
tese...
As tardes de sábado
estiveram reservadas para
deliberar
o deleite do nosso
sorvete.
Pitanga congelada.
Discute-se, na Universidade de Boston: se o elemento
básico da pitangocelomitina é,
assim, substância tão remota.
(o vinho e o vinagre
a gente
pensa que sim.)
Desisto.
Não vou mais a
Boston. Faço doutorado
aqui mesmo
na praia de São Conrado.
Há clima bom e restam
pitangas frescas
a apanhar no pé.
Reservas, pra
enriquecer a
tese...
As tardes de sábado
estiveram reservadas para
deliberar
o deleite do nosso
sorvete.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
O navio
Renato Augusto Farias de Carvalho
Às vésperas e nas tardes longas
cobre-me a fantasiosa imagem do
embarque.
Estou pronto.
O sonho figurado é entregue ao barco dogmático.
Taciturnos gestos de partida e viemos nós,
rio-e-mar...
espalmados na mala e na cabeça pueril
a fábula romanesca do convite: te vejo, grande
cidade, metáfora enigmática ao encontro de
todos os machucados. E contorno a difícil messe
dos tempos sem compasso. Repetem, em mim,
o oráculo e as sílabas do primeiro fado.
Meu navio? Naufragou?
Sobrevive a nostalgia do cais refletindo, em mim,
o entardecer do contrito mar.
E do Negro – rio que ficou,
emoldurando contornos
da minha terra.
Às vésperas e nas tardes longas
cobre-me a fantasiosa imagem do
embarque.
Estou pronto.
O sonho figurado é entregue ao barco dogmático.
Taciturnos gestos de partida e viemos nós,
rio-e-mar...
espalmados na mala e na cabeça pueril
a fábula romanesca do convite: te vejo, grande
cidade, metáfora enigmática ao encontro de
todos os machucados. E contorno a difícil messe
dos tempos sem compasso. Repetem, em mim,
o oráculo e as sílabas do primeiro fado.
Meu navio? Naufragou?
Sobrevive a nostalgia do cais refletindo, em mim,
o entardecer do contrito mar.
E do Negro – rio que ficou,
emoldurando contornos
da minha terra.
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Canção dissonante
Renato Augusto Farias de Carvalho
Tenho guardadas as escassas
horas
e as visões solenes
de Coimbra, do Porto,
os desenhos peninsulares
e sopros do Tejo
nas veias ibéricas do norte.
Trago o fado
no ardente peito
faço-me inteiro
ternura
sina e
saudade.
Estou cercado de ti, Lisboa dos
meus presságios. Ergo daqui meu
vinho verde
- para ver-te -
bem ao pé da Baixa
e seguir a Belém; depois
Faro, Óbidos e Santarém.
Oculto-me em trapos e versos
para abraçar-te, incólume Portugal do sol
vespertino. E deito-me, no leito de alvas
pedras, no mar da Ericeira.
Tenho guardadas as escassas
horas
e as visões solenes
de Coimbra, do Porto,
os desenhos peninsulares
e sopros do Tejo
nas veias ibéricas do norte.
Trago o fado
no ardente peito
faço-me inteiro
ternura
sina e
saudade.
Estou cercado de ti, Lisboa dos
meus presságios. Ergo daqui meu
vinho verde
- para ver-te -
bem ao pé da Baixa
e seguir a Belém; depois
Faro, Óbidos e Santarém.
Oculto-me em trapos e versos
para abraçar-te, incólume Portugal do sol
vespertino. E deito-me, no leito de alvas
pedras, no mar da Ericeira.
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