Amigos do Fingidor

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Noel-Nicolas Coypel (1690-1734)

The Rape of Europa.

exercício nº 12

Zemaria Pinto



à fronte guarda sombras de outras eras
e um par de olhos tão tristes, que canção
alguma alcança. fixas ancas lançam
o rabo que balança ao som do vento.

a branca estrada sob o ubre úmido
é o caminho da força eclipsada
à meia-lua que se forma em aura
no cósmico avatar da terra farta.

esta a imagem da Vaca, impura e bela.
à tortura ordenada indiferente,
as asas ruflam num ruído surdo
buscando o largo campo do universo:

a Vaca precipita-se no espaço,
o olhar perdido nalgum vão do éter.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Edwin Longsden Long (1829-1891)

The Eastern Favourite.

Adamas

Nelson Castro

Para Zemaria Pinto


Abro como um livro

O lado direito
à mão do poeta
e leio versos perfeitos
de rimas raras
em linhas transversas.
Beijo-a...
E sinto à flor da pele
a quinta-essência da poesia.

Abro como um livro

O lado esquerdo
à mão do poeta
e leio o mapa traçado
o itinerário que leva
à jazida encantada dos adamas.
Beijo-a...
E sinto uma lágrima
cair na mão do poeta
e no mesmo feérico instante
transforma-a em diáfano diamante.

Mas nada mais belo
quando as mãos do poeta
fecham-se em laço
de um lírico abraço
em celebração ao milagre da vida.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Judith Henkel

Botticelli – die Geburt der Venus.

Estante do tempo

Igapó
Américo Antony (1895-1970)



Há uma escura paragem de saudades
Onde a água esconde as tradições amigas...
Onde a água chora umas canções antigas...
Onde a água geme... e é quase divindade.

Lá o rio oculta amplas fadigas,
E as sombras abrem em flor de suavidade,
E espera, e dorme, e sonha a eternidade
De insetos de ouro, e prónubas formigas...

Teto de selva e leito de água e trevas
Onde aves de mil cores bebem alma
Dos beijos nidiquidrópicos da palma...

Estoar de pólen, luz de água lembrando
Retinas mortas... gerações primevas...
Líquidos olhos de pajés boiando...

domingo, 27 de junho de 2010

Clement Serneels (1912-1991)

Congolese nude.

Minha pátria é minha língua

Profissão de Fé
Carvalho Júnior (1855-1879)



Odeio as virgens pálidas, cloróticas,
Beleza de missal que o romantismo
Hidrófobo apregoa em peças góticas,
Escritas nuns acessos de histerismo.

Sofismas de mulher, ilusões óticas,
Raquíticos abortos do lirismo,
Sonhos de carne, compleições exóticas,
Desfazem-se perante o realismo.

Não servem-me esses vagos ideais
Da fina transparência dos cristais,
Almas de santa e corpos de alfenim.

Prefiro a exuberância dos contornos,
As belezas da forma, seus adornos,
A saúde, a matéria, a vida enfim.

sábado, 26 de junho de 2010

François-Joseph Navez (1787-1869)

The nymph Salmacis and Hermaphroditus.

Poesia em tradução

Soneto
Félix Arvers (1806-1850)



Tenho n’alma um segredo e um mistério na vida:
É este amor imortal gerado num momento;
Sufoco-o, pois não espera alívio o meu tormento
– E não vê, quem o causa, a minha alma dorida!

Por ela – ai! –, passarei, sombra despercebida,
Sempre a seu lado e sempre só, e em desalento!
E hei de findar, morrer neste martírio lento,
Sem pedir, sem ousar, sem uma graça obtida.

Embora doce e terna, essa que me alanceia
Irá continuando o seu caminho, alheia
A este amor que em murmúrio a segue onde ela vá.

Presa ao dever, tranquila, honestamente bela,
Talvez pergunte, ao ler versos tão cheios dela:
“Que mulher será esta?” – e não compreenderá.


(Trad. Gondin da Fonseca)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Oleg Leonov

Bather.

Ao meu computador

Marco Catalão



Vamos morrer reunidos, meu irmão!
Em poucos anos, tu ficaste antigo;
e a obsolescência que ocorreu comigo
foi bem pior: roeu meu coração...

Ah! Esta noite é a noite do apagão!
Passei muito mais tempo aqui, contigo,
do que com a amante ou com o melhor amigo,
e é pra ti que os meus suspiros vão!

Não morrerão, porém, os teus arquivos!
Salvos num site obscuro, mas seguro,
eles perdurarão, absurdos, vivos,

pelo ciberespaço, a flutuar,
até encontrarem o leitor futuro
que os possa compreender... ou deletar.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ives Diey (1892-1984)

Título desconhecido.

Dúvida?

Ana Célia Ossame



À noite, uma fera indecifrável

sai de mim

e escreve teu nome nos muros,

nos ônibus, no suor dos copos,

no sereno das vidraças...

Depois a fera volta

e finge que é feliz.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sergei Semenovich Egornov (1860-1920)

Reclining nude on a draped sofa.

Dabacuri – amazônica 16

Zemaria Pinto



dando vez à chuva

o sol causticante sai

– verão no Madeira



de margem a margem,

a tarde tem uma cor

– borboletas amarelas

terça-feira, 22 de junho de 2010

Delphin Enjolras (1857-1945)

La lettre.

Natureza mortal

Roberto Gama Lopes



Eu vi a árvore descendo o rio
Com muitas outras presas em lamento
Sendo levadas para o esquecimento
Numa prisão de dor, calor e frio.

No ir e vir do banzeiro que assombra
Senti a dor deste triste arvoredo
Minh’alma tremia seguindo o cortejo
De morte daquela que fazia sombra.

As aves trinavam num coro tristonho
O destino errôneo do sofrido ninho
A trágica perda do seu habitat.

Tal qual essas aves perdi os meus sonhos
Olhando esses troncos deitados no rio
Descendo a corrente pra não mais voltar.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Gustave Moreau (1826-1898)

La Naissance de Vénus.

Estante do tempo

Súplicas
Elias Gavinho (1895-1935)



Ó ternas ilusões da minha mocidade,
Suaves como a luz, heróicas, graciosas
Voltai a mim, voltai, brancas e luminosas
Espargindo alegria a esta mútua saudade.

Vós sois da vida o deus, vós sois a hilaridade
De quimeras sem fim: imáculas, airosas,
Sois pérolas d’orvalho em tranças majestosas
Onde pompeia a luz feérica verdade.

Se de ilusões outrora, alegre, satisfeito,
Almejava um só fim, risonho e não funéreo,
Por que deixais agora arder-me em febre o peito?...

Ó minhas ilusões, ó meu viver aéreo,
Não mais me abandoneis: volvei-me o casto efeito
Desse viver feliz, num louco refrigério.

domingo, 20 de junho de 2010

Henri Rousseau (1844-1910)

le rêve.

Minha pátria é minha língua

Os versos que te fiz
Florbela Espanca (1894-1930)



Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder…
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda…
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!

Amo-te tanto! E nunca te beijei…
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!

sábado, 19 de junho de 2010

Masters of the Fontainebleau School (1550-1590)

Diana Huntress.

Poesia em tradução

Romance da Menina Preta
Luiz Cané (1897-1957)



Toda vestida de branco,
muito engomadinha e quieta,
à porta de sua casa
estava a menina preta.

Grande laçarote branco
lhe ornamentava a cabeça;
e, pelo pescoço, muitas
voltas de contas vermelhas.

As outras crianças do bairro
brincavam com as companheiras.
As outras crianças do bairro
nunca brincavam com ela.

Toda vestida de branco,
muito engomadinha e quieta,
no seu silêncio sem lágrimas
chorava a menina preta.

Toda vestida de branco,
muito engomadinha e quieta,
dentro de um caixão de pinho
descansa a menina preta.

Um anjo branco à presença
de Deus a menina leva.
Não sabe a menina preta
se há de estar triste ou alegre.

Deus afaga-lhe a cabeça,
contemplando-a docemente,
e um lindo par de asas brancas
às suas espáduas prende.

Com seus dentes de canjica
sorri a menina preta.
Deus chama todos os anjos
e diz: “vão brincar com ela!”


(Trad. Cecília Meireles)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Canaletto (1697-1768)

Regatta on the Canale Grande.

Glauber morto

Ferreira Gullar



O morto
não está de sobrecasaca
não está de casaca
não está de gravata.

O morto está morto

não está barbeado
não está penteado
não tem na lapela
uma flor
                  não calça
sapatos de verniz

não finge de vivo
não vai tomar posse
na Academia.

O morto está morto
em cima da cama
no quarto vazio.

Como já não come
como já não morre
enfermeiras e médicos
não se ocupam mais dele.

Cruzaram-lhe as mãos
ataram-lhe os pés.

Só falta embrulhá-lo
e jogá-lo fora.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Léon François Comerre (1850-1916)

Girl with a golden wrath.

As mãos

Cláudio Fonseca



Vem-me sempre essa visão:
sou levado pela mão
em uma escadaria.

Tão antiga a outra mão...
E que forte a impressão
em sua anatomia!

Que saudade é essa mão?
Quem seria o charlatão
de ourivesaria

que repõe as nossas mãos,
com a doce ilusão
e uma simetria?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

John Duncan (1866-1945)

A Masque of Love.

aurora

Zemaria Pinto



aurora luz/escuridão
          quebra ruptura

aurora alumbramento
          dor choro prazer
          gozo solidão

aurora paz
          guerra terremoto enchente
          ternura encantamento

aurora acanhamento
          recolhimento
          explosão

aurora luz
aurora escuridão

                          – ou não?
                          – ou não?

terça-feira, 15 de junho de 2010

Aime-Nicolas Morot (1850-1913)

Nude with a japanese umbrella.

Bate à porta

Cândida Alves



Bate à porta

come, dorme, sai e

bate a porta

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Venus rising from the sea.
Autor desconhecido.

Estante do tempo

Inverno
Álvaro Maia (1893-1969)



                             I


Vai morrendo a alegria dos estios,
num retintim de pompas e fanfarras:
bandos de pombos em revoos sombrios,
periquitos em loucas algazarras...

A água se espalha em volumosos fios,
que a terra escarvam, ferem como garras...
Fogem do espaço os fracos vozerios
das aves, das abelhas, das cigarras...

Os rios, como veias rebentadas,
dão o sangue lustral – a água que escorre –
às margens, em torrentes e enxurradas...

Há vozes pela selva, em canto eterno
– voz de saudades ao verão que morre,
– voz de exorcismos ao vindouro inverno!

domingo, 13 de junho de 2010

Giovanni Antonio Pellegrini (1675-1841)

Allegory of Painting.

Minha pátria é minha língua

Soneto para o Século XX
Pethion de Vilar (1870-1924)




Dizem que a arte de Goethe é uma arte anacrônica
Coeva do mamute e das larvas primárias;
Que Homero não passou de uma abantesma trágica
Vislumbrada através de névoas milenárias;

Dizem que todos nós lembramos uns ridículos
Idólatras senis de coisas funerárias,
E andamos a colher – incuráveis maníacos –
Em cinzas hibernais, flores imaginárias;

Dizem que a Poesia há muito está cadáver;
Que a rima faz cismar num guiso de funâmbulo
Monótono, a tinir no trampolim do Verso...

Que importa? se a bendita, essa loucura mística
Entorna em nossa Mágoa o leite do papáver
E abre à nossa volúpia o azul de outro Universo?

sábado, 12 de junho de 2010

Andre Lhote (1885-1962)

Bacchante.

Poesia em tradução

Ave viúva pousada
Percy Bysshe Shelley (1792-1822)



Ave viúva pousada
Chorando por seu amado
Sobre um ramo regelado

Acima o vento gelado
Se arrasta sobre o riacho
A congelar-se lá embaixo

Folha alguma, a floresta, recobria
Sobre o solo nenhuma flor subia

E pouco movimento lá no ar
Só a roda de moinho a soar.


(Trad. José Lino Grünewald)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Gyula Tornai (1861-1928)

Portrait of Jaroslava, the artist's daughter.

Segundo ato

Beatriz Escorcio Chacon



Eu já fui amorosa
e cálida
tive até um diário
água-com-açúcar
com cadeado.
Eu agora sou tão
apaixonada
que abro pernas
e pingo sangue
diariamente
na lira dos meus tantos anos.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

William Merritt Chase (1849-1916)

Back of a Nude.

Coração couraçado

Astrid Cabral



Tempestades em oceanos

ou em copos d’água

e não peço a Deus balsas

barcaças nem praias.

Só um coração couraçado.

Desses que no lombo

das ondas vão sem tombos

o convés em festa.

                               Iluminado.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Noel-Nicolas Coypel (1690-1734)

The bath of Diana.

Dabacuri – amazônica 15

Zemaria Pinto


verde verde verde
ora mais claro, ora escuro
verde verde, sempre



vida à beira-rio:
igreja, escola, seis casas
– o mais é imenso

terça-feira, 8 de junho de 2010

Charles-Antoine Coypel (1694-1752)

Molière portrait.

Sonho de Poema

Rosa Clement



Há um belo poema no meu sonho
que nunca vem comigo quando acordo
pois só enquanto durmo é que recordo
de todas as estrofes que componho.

Meu semblante se torna mais risonho
e surpresa com minha arte transbordo
em risos certa que trarei a bordo
de minha mente os versos que disponho.

Porém a ilusão é um defeito
do sonho que me traz a poesia
e a vaidade que me invade o peito.

Então sinto que tudo está desfeito.
As palavras não são as que eu queria
e o meu poema fica preso ao leito.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Jorg Dubin

The birth of Venus.

Estante do tempo

Luar amazônico
Mavignier de Castro (1891-1970)



Verão. Rio em deflúvio. A lua cheia
alonga perspectivas pela mata;
só a fauna da noite ali vagueia
à sombra errante que o luar dilata...

Álgido, estreito igarapé serpeia,
qual sinuosa lâmina de prata...
Que melopéia o urutauí flauteia
na solidão lunar da terra grata!

Amanhece; mas imitando um rito
sobre a mata flutua um véu de neve...
E o Sol – pátena de ouro do Infinito,

espera que no altar da selva nua,
o Sacerdote imaterial eleve
a imagem eucarística da lua!

domingo, 6 de junho de 2010

Karel van Mander (1548-1606)

Garden of Love.

Minha pátria é minha língua

Nosce te ipsum
Martins Fontes (1884-1937)



Quem serei? Quem sou eu? Não me conheço
e tu, meu sósia, te conheces já?
Estudaste a tua alma pelo avesso,
tua mortalidade que será?

Nota-me bem. Feito do mesmo gesso,
que o mesmo em tudo sejas. Oxalá!
E, sendo assim, contigo me pareço,
e, o que és, comigo se parecerá.

Verás, a olhar-me, tua imagem cara,
que a face é minha, mas o rosto é teu,
e a exatez a aparência desmascara.

Relembrarás alguém que ontem morreu,
e, reencarnado em mim, hoje te encara,
sem saber quem tu és, ou quem sou eu.

sábado, 5 de junho de 2010

Frederik Goodall (1822-1904)

The Finding of Moses.

Poesia em tradução

Cabeça empinada, lá vem ele...
Georg Heym (1887-1912)



Cabeça empinada, lá vem ele por sobre os telhados
Arrastando seus cabelos amarelos,
O feiticeiro quieto, subindo para os aposentos do céu
Pelo sinuoso atalho de flores bem estrelado.

Embaixo, todos os animais na floresta e nas brenhas
Têm as cabeças limpas e penteadas,
Cantando o coral lunar. Mas as crianças,
De camisões brancos, ajoelham-se nas camas.

O mar infinito de minh’alma
Baixa devagar em suave maré.
Sou todo verde por dentro. Vou desaparecendo
Como um balão de vidro.


(Trad. Claudia Cavalcanti)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Henri Matisse (1869-1954)

Decorative figure.

A uma virgem

Campos D’Oliveira (1847-1911)

(Improviso)


Motora dos meus martírios!
Causa da minha saudade!
Ingênua e casta deidade!
Minha terna inspiração!
Condói-te da triste sorte
Do jovem que te ama tanto,
Que por ti verte agro pranto
Gerado no coração!

Rasga-me o peito, se queres,
E vê nele a intensa chama,
Que há três anos o inflama
Em cruas dores, sem fim...
De padecer já cansado
Vou sentindo a morte dura
Arrastar-me à sepultura,
E na flor da idade assim!...

E podes ser tão tirana,
Que possas ver indif’rente
D’anos dez’nove somente
Morrer o teu trovador?!
Ai! Não! Alenta-me a vida,
Reprime esta dor infinda
Dando-me só, virgem linda,
O teu puro e casto amor!...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Cayetano de Arquer Buigas

Título desconhecido.

Rio Negro

Simão Pessoa



Invejo o silêncio escuro destas águas

como objeto de límpida inocência

onde o deslumbramento transitório

deste agressivo rio-mar

repousa equivocado e gasto.

Sou fluido e gesto

na paisagem radiante

que estas águas anunciam

além do pólen e da luz.

Como sede no deserto

assim me quero água:

retratando a fauna entristecida,

refazendo a flora devastada.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Juliette Aristides

Título desconhecido.

exercício nº 10

Zemaria Pinto



Às portas do Encantado me detenho
olhando o chão lavado por silêncios
buscando abismos, marcas de outras lendas
no lânguido rumor do riocorrente

E tu, Náiade minha, guardiã
do negronegro espelho espedaçado
em nenúfares lunares debruçada
feito Ofélia, em orquídeas mergulhada

desarma-te por fim de clava e clave
e assoma-te guerreira à montaria
à pele, à carne e ao fogo dos sentidos

À cabeceira de teu leito jazo
adormecido por noturnas vagas
de gozo e gozo e gozo e gozo e gozo

terça-feira, 1 de junho de 2010

Correggio ou Antonio Allegri (1490-1534)

Jupiter and Io.

Amigo poeta

Darlene Fernandes



Conheço um poeta

               que escreve

palavras

               no ar nítido

para enxergarmos

                         letras

invisíveis.