Igapó
Américo Antony (1895-1970)
Há uma escura paragem de saudades
Onde a água esconde as tradições amigas...
Onde a água chora umas canções antigas...
Onde a água geme... e é quase divindade.
Lá o rio oculta amplas fadigas,
E as sombras abrem em flor de suavidade,
E espera, e dorme, e sonha a eternidade
De insetos de ouro, e prónubas formigas...
Teto de selva e leito de água e trevas
Onde aves de mil cores bebem alma
Dos beijos nidiquidrópicos da palma...
Estoar de pólen, luz de água lembrando
Retinas mortas... gerações primevas...
Líquidos olhos de pajés boiando...