Amigos do Fingidor

sábado, 26 de junho de 2010

Poesia em tradução

Soneto
Félix Arvers (1806-1850)



Tenho n’alma um segredo e um mistério na vida:
É este amor imortal gerado num momento;
Sufoco-o, pois não espera alívio o meu tormento
– E não vê, quem o causa, a minha alma dorida!

Por ela – ai! –, passarei, sombra despercebida,
Sempre a seu lado e sempre só, e em desalento!
E hei de findar, morrer neste martírio lento,
Sem pedir, sem ousar, sem uma graça obtida.

Embora doce e terna, essa que me alanceia
Irá continuando o seu caminho, alheia
A este amor que em murmúrio a segue onde ela vá.

Presa ao dever, tranquila, honestamente bela,
Talvez pergunte, ao ler versos tão cheios dela:
“Que mulher será esta?” – e não compreenderá.


(Trad. Gondin da Fonseca)