Amigos do Fingidor

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Estante do tempo

Súplicas
Elias Gavinho (1895-1935)



Ó ternas ilusões da minha mocidade,
Suaves como a luz, heróicas, graciosas
Voltai a mim, voltai, brancas e luminosas
Espargindo alegria a esta mútua saudade.

Vós sois da vida o deus, vós sois a hilaridade
De quimeras sem fim: imáculas, airosas,
Sois pérolas d’orvalho em tranças majestosas
Onde pompeia a luz feérica verdade.

Se de ilusões outrora, alegre, satisfeito,
Almejava um só fim, risonho e não funéreo,
Por que deixais agora arder-me em febre o peito?...

Ó minhas ilusões, ó meu viver aéreo,
Não mais me abandoneis: volvei-me o casto efeito
Desse viver feliz, num louco refrigério.