Zemaria Pinto
Às portas do Encantado me detenho
olhando o chão lavado por silêncios
buscando abismos, marcas de outras lendas
no lânguido rumor do riocorrente
E tu, Náiade minha, guardiã
do negronegro espelho espedaçado
em nenúfares lunares debruçada
feito Ofélia, em orquídeas mergulhada
desarma-te por fim de clava e clave
e assoma-te guerreira à montaria
à pele, à carne e ao fogo dos sentidos
À cabeceira de teu leito jazo
adormecido por noturnas vagas
de gozo e gozo e gozo e gozo e gozo