Amigos do Fingidor

quarta-feira, 2 de junho de 2010

exercício nº 10

Zemaria Pinto



Às portas do Encantado me detenho
olhando o chão lavado por silêncios
buscando abismos, marcas de outras lendas
no lânguido rumor do riocorrente

E tu, Náiade minha, guardiã
do negronegro espelho espedaçado
em nenúfares lunares debruçada
feito Ofélia, em orquídeas mergulhada

desarma-te por fim de clava e clave
e assoma-te guerreira à montaria
à pele, à carne e ao fogo dos sentidos

À cabeceira de teu leito jazo
adormecido por noturnas vagas
de gozo e gozo e gozo e gozo e gozo