Durante a febre
Heliodoro Balbi (1876-1918)
Morrer! e ser lançado ao mar, no mar do Oriente...
No teu dorso senil, ondas do mar Vermelho!
E no deflúvio real do teu líquido espelho
Ir a Morte arrastando o meu corpo inda quente...
Meu loiro sonho! minha pobre alma! meu velho
Tronco! a flutuarem dentre os juncais da corrente...
E debater-me em vão! como em vão, loucamente,
No aranhol se debate um áureo escaravelho!
No alto do céu radioso o ocaso dos Oceanos...
Meu sangue a jorrar pondo vermelhas estrias
Na garganta de luz dos squalos e goelanos...
E eu só! e eu mudo! a rodopiar em caracóis!
Tenho, através as rubras órbitas vazias,
A ilusão imortal de um combate de sóis...