Agnaldo Martins
Tuas mãos macias acariciavam meu corpo como uma escultura inacabada,
deixava-as escorrer sobre os lábios já em intensa erupção.
Elas foram ficando na frágil pele e em minhas sensações,
como se tocassem a argila mole e sedenta de beleza.
Os meus olhos vivos permaneciam chamando por seu toque,
cada vez que uma imagem nova se fazia à minha frente.
Fui calando, ouvindo o silêncio daquele corpo em sombras.
Não voltaste!
As lágrimas queriam brotar e o corpo estranhava,
como louco vivia à procura de respostas de afeto,
e encontrava a fúria, esse esmagamento de alma
que preenchia a noite desesperada.
Que voz ecoava naquela obscuridade?