Amigos do Fingidor

sexta-feira, 20 de março de 2009

Não havia o tempo em calendários
João de Jesus Paes Loureiro

Não havia o tempo em calendários
nas escrituras da cidade e das ilhas.
Não havia o tempo de sonhar
e tempo a trabalhar.
Tempo para ser
e tempo de não-ser.
Havia sim o tempo para o tempo,
pois o tempo era integral
para si mesmo.
Não havia tempo do real
fora do tempo imaginário.
Era o tempo diverso em um só tempo.
O tempo-aquele igual a aquele-tempo.
Não havia o tempo de plantar
e tempo de colher.
Tudo era o tempo
de colher a plantar.
E de plantar colhendo.
Tempo individido
sem tempo para isso
ou tempo para aquilo.
Era o tempo superposto ao tempo
e cada tempo era sempre
o tempo todo.
Tempo do ser e do não-ser.
Era um só tempo real-imaginário
enlaçando a si mesmo.
Tempo único.
O tempo
só.
Unicotempo.