Amigos do Fingidor

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Ninguém

Cláudio Fonseca


Um dia ele chegou à beira deste lago.
E aqui seu coração tombou, feito em destroços.
Veio a solidão da pedra e da serpente
e um leve refluir de rostos sobrepostos.

Ninguém lhe viu cair, da face, o brilho quente.
Nem seu mergulhar nas águas transparentes.

Ninguém viu sua dor correr pela cidade,
bater em cada esquina e porta, como um dardo.
Ninguém viu transpirar das árvores um grito.
E nem dali voar o pássaro assustado....

Nem a dor voltar em busca de um ausente.
Nem seu mergulhar nas águas transparentes.