Amigos do Fingidor

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

exercício nº 17

Zemaria Pinto


de cinco mil sementes repartidas
em outras cinco mil repetições
transforma-se a parede num festim
de gritos e sussurros sem sentido

miríades de sonhos e de sons
de um outro inferno ainda refletidas
são fugas recorrentes de mim mesmo
na sordidez do tempo aprisionadas

da câmara sombria um som se eleva
em timbres modulados na memória
buscando a quintessência do silêncio
na velha luta vã contra as palavras

pois o poema é nada mais que isso
música para surdos – nada mais