Se apartada do corpo a doce vida
Sóror Violante do Céu (1602-1693)
Se apartada do corpo a doce vida,
Domina em seu lugar a dura morte,
De que nasce tardar-me tanto a morte,
Se ausente d’alma estou, que me dá vida?
Não quero sem Silvano já ter vida,
Pois tudo sem Silvano é viva morte,
Já que se foi Silvano, venha a morte,
Perca-se por Silvano a minha vida.
Ah, suspirado ausente, se esta morte
Não te obriga a querer vir dar-me vida,
Como não ma vem dar a mesma morte?
Mas se n’alma consiste a própria vida,
Bem sei que se me tarda tanto a morte,
Que é porque sinta a morte de tal vida.