Simão Pessoa
I
Um dia junto os cacos
E corto os pulsos
Um dia queimo os sonhos
Nego tudo
Um dia mato um rico
Muito puto
Um dia deixo de lado
Esses escrúpulos...
II
Ó primavera insubmissa
que pernoitas no deserto
decerto que não percebes
a mágoa que nos aflige:
esse verão miserável
circunscrito em seu casulo
de nódoa sujou o nicho
reduplicando a carência
agora resseca os campos
o gado a gente as primícias
vem logo ao nosso encontro
ó primavera sem vísceras!