Amigos do Fingidor

quarta-feira, 8 de julho de 2009

exercício nº 11

Zemaria Pinto


As nuvens do fim de tarde desenham
ícones no firmamento. Os pombos
adejam sobre prédios e automóveis.
O centro da cidade é uma fratura,

uma explosão latente, uma agonia,
prefiguradas na selvagem selva
dos homens-árvores, dos homens-pedras
amanhados em lavras de betume.

Caminho errante pelas ruas úmidas,
entre as ruínas do que um dia fui,
catando sobras do que tenho sido.

A noite faz-se em brilhos e rangidos
furiosos, enquanto as avenidas
escorrem lentamente de meus olhos.