Amigos do Fingidor

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Estante do tempo

Paródia elegíaca para o poeta Ernesto Penafort
Arthur Engrácio (1927-1997)


Noutros tempos, Ernesto, eras futuro.
A tua figura levemente esguia
Irradiava a todos simpatia,
Nos contagiava o teu sorriso puro.
Vieram ventos tornando o céu escuro.
A tempestade sobre ti rugia
E da árvore da vida ao chão caía
O fruto dos teus sonhos tão maduro!
Ah, se fosses o Deus que nunca morre!
Em vez de andares nesse mundo estranho,
Estarias entre nós curtindo um porre
– Um desses porres que não têm tamanho...

Mas, como a morte é o final de tudo,
Fez-se o teu canto para sempre mudo.