Amigos do Fingidor

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Estante do tempo

Utas
Raimundo Monteiro (1882-1932)


Morre, em surdina, a toada
De uma viola magoada...
– Penso na minha Amada.


Do alto a lua irradia
Sobre a selva sombria...
– O luar parece dia.


O rio, amplo e sonoro,
Flor, sabe que eu te adoro:
– À sua margem choro...


As árvores do caminho
Curvam-se cheias de ninhos...
– E nós passamos sozinhos.


Sobe, cansada, a ladeira
Da montanha, a pegureira...
– Imagem da vida inteira.


O meu jardim, ao sol poente,
Parece que fica doente...
– É como o sonho da gente.