Fim de tarde amazônico
Homero de Miranda Leão (1913-1987)
O céu, berço de luz, se transfigura
Na rútila beleza da paisagem...
De franjas de ouro a mata se emoldura...
Canta a cigarra em meio da folhagem...
Do sol a pouco e pouco a fulva imagem
vai desaparecendo na incerteza
do horizonte longínquo e na miragem
de símbolos febris da Natureza...
Sobre as águas barrentas, vão descendo
velhos galhos e troncos, à feição
de antigas caravelas, descrevendo
uma reta perfeita e verdadeira...
O sol mergulha no último clarão...
Morre a tarde nos longes do Madeira...