Amigos do Fingidor

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sinal fechado

Paulinho da Viola



– Olá, como vai?
– Eu vou indo... E você, tudo bem?

– Tudo bem, eu vou indo... Correndo pegar meu lugar no futuro. E você?
– Tudo bem, eu vou indo... Em busca de um sono tranquilo... Quem sabe?

– Quanto tempo...
– Pois é, quanto tempo...

– Me perdoe a pressa: é a alma dos nossos negócios...
– Oh, não tem de quê... Eu também só ando a cem...

– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí...
– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos... Quem sabe?

– Quanto tempo...
– Pois é, quanto tempo...

– Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas...
– Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança...

– Por favor, telefone, eu preciso beber alguma coisa, rapidamente...
– Pra semana...
– O sinal...
– ...Eu procuro você.
– ...Vai abrir, vai abrir...
– Prometo, não esqueço.

– Por favor, não esqueça, não esqueça...
– Não esqueço, adeus!