Amigos do Fingidor

domingo, 5 de setembro de 2010

Minha pátria é minha língua

Spes Sola
Narcisa Amália (1852-1924)




Não, teu culto ideal eu não abjuro,
Musa dos livres que no espaço imperas!
Dei-te as rosas das vinte primaveras,
Dou-te o presente e... sagro-te o futuro!

Pode o crime rasgar-te o seio puro
E a grei humana, como greis em feras,
As tábuas profanar das leis severas
Com que nos guias o porvir seguro.

Hei de amar-te na sombra; e luz, e espaço
Seguir, contrita, no universo inteiro
O vestígio fecundo de teu passo!

– Musa, que abriste-me o sorrir, primeiro –
Que encheste-me de flores o regaço,
Sê-me na terra o amparo derradeiro.