Amigos do Fingidor

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Dia urbano

Alexandre dos Santos



O galo nem ficou rouco
e meu corpo está cansado,
o amanhecer prossegue.

Rabiscado o sol rompe
minha testa assalariada,
eu sigo minha noite.

Depois eu falo, grito, calo;
ando ando ando ando.
Desfolho-me em outono.

As pernas são inúmeras:
os sonhos, as horas, o verbo
os olhares graves, a dor aguda.

E o galo além de rouco
vai despenando, grisalho.
O outro dia me aguarda.