Alexandre dos Santos
O galo nem ficou rouco
e meu corpo está cansado,
o amanhecer prossegue.
Rabiscado o sol rompe
minha testa assalariada,
eu sigo minha noite.
Depois eu falo, grito, calo;
ando ando ando ando.
Desfolho-me em outono.
As pernas são inúmeras:
os sonhos, as horas, o verbo
os olhares graves, a dor aguda.
E o galo além de rouco
vai despenando, grisalho.
O outro dia me aguarda.