Amigos do Fingidor

terça-feira, 14 de setembro de 2010

dois poemas

Cynthia Teixeira


(filha minha)


o sopro
do que serias
abraçou-me
toda
e amei
arrepio e febre
o cálcio fraco
de tua sobra
voadora
– síntese de mim
neste mundo –
brisa-silêncio
para sempre.


(filho meu)


construí um castelo.
diante dele, árvores.
fundos, pomar.
no lado direito criarei bois.
no esquerdo, galinhas.
e tu entre bois e galinhas.

mas preferes morada em mim.

dentro, olhar dormido ante o rio.
as galinhas, tadinhas, voaram.
os bois se foram sem capim.
o pomar é uma melancolia só.

e o castelo some feito reles rascunho.