Amigos do Fingidor

domingo, 19 de setembro de 2010

Minha pátria é minha língua

Regina Martyrum
Álvaro Moreyra (1888-1964)




Nossa Senhora da Saudade! um dia,
juntei as mãos, nostálgico, invocando
tua alada presença... Nos céus, ia
o enterro do Crepúsculo passando...

E entre os verdes do Longe, aparecia,
tisicamente, a Lua Nova, quando,
toda de Roxo, a andar, pela elegia
da Hora bruna, surgiste, me acenando...

E desde então ficaste em meio às trevas
dessa existência obscura... Para o Extinto,
ao que gozei, piedosa tu me levas...

E, hoje, sou como um Bêbado que escombra
a Vida real, e assiste, à luz do Absinto,
às transfigurações da própria Sombra!...