Amigos do Fingidor

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Estante do tempo

Soneto
Tenreiro Aranha (1769-1811)
Ao Sr. José Eugênio de Aragão e Lima, professor de Filosofia,
amigo do Autor, quando ele foi perseguido, preso e desterrado



Enquanto o mole Siberita treme
Da desgraça co’o simples pensamento,
O Varão forte, sem perder o alento,
De arrostar-se com ela não, não teme:

Entre cadeas e grilhões não geme;
Mas armado de heróico sofrimento,
Livre a alma, conserva o peito isento
Na fornalha, no potro, e na trirreme.

Tal Eugênio presado, tu, que unindo
Com a sã Filosofia a Cristandade,
Dos jogos da fortuna te estás rindo.

E das fezes da negra adversidade,
Qual provido Mineiro, coligindo
Ricas virtudes, sólida piedade.