Amigos do Fingidor

sábado, 4 de setembro de 2010

Poesia em tradução

Soneto LXXI

William Shakespeare (1564-1616)



Não lamentes por mim quando eu morrer
Senão enquanto o surdo sino diz
Ao mundo vil que o deixo e vou viver
Em meio aos vermes que inda são mais vis.
Nem te recorde o verso comovido
A mão que o escreveu, pois te amo tanto
Que antes achar em tua mente olvido
Que ser lembrado e te causar o pranto.
Ah! peço-te que ao leres esta queixa
Quando for minha carne consumida,
Não te refiras ao meu nome e deixa
Que morra o teu amor com minha vida.
          Não veja o mundo e zombe desta dor
          Por minha causa, quando morto eu for.


(Trad. Ivo Barroso)