Amigos do Fingidor

sábado, 22 de maio de 2010

Poesia em tradução

Balada da linda menina do Brasil
Rubén Darío (1867-1916)



Existe um país encantado
No qual as horas são tão belas
Que o tempo desliza calado
Sobre diamantes, sob estrelas.
Odes, cantares ou querelas
Derramaram-se pelo ar sutil
Em gloria de perpétuo abril.
Pois ali a flor preferida
Do canto é Ana Margarida,
Linda menina do Brasil.

Existe um mágico Eldorado
(E Amor como seu rei lá está)
Onde há a Tijuca e o Corcovado
E onde gorjeia o sabiá.
O tesouro divino dá
Ali mil feitiços e mil
Sonhos; mas nada tão gentil
Como o broto de alva incendida
Que se chama Ana Margarida,
Linda menina do Brasil.

Doce, dourada e primorosa
Infanta de lírico rei,
É urna princesa cor-de-rosa
Que amara Kate Greenaway.
Buscará pela eterna lei
O pássaro azul de Tiltyl?
Eia, aboé, sistro, harpa, anafil:
Que hoje Aurora a viver convida
A essa rosa Ana Margarida,
Linda menina do Brasil.

            OFERTA

Princesa em flor, nada na vida,
Por mais gracioso ou senhoril,
Iguala a esta joia querida:
A pequena Ana Margarida,
Linda menina do Brasil.


(Trad. Manuel Bandeira)