Amigos do Fingidor

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Estante do tempo

O Mestre
Jonas da Silva (1880-1947)



Bato um dia, cansado, à porta da oficina,
No Pont-Vieux, em Florença, uma tarde de maio:
Cinzelando, escandindo uma obra ou um ensaio
Vi B. Lopes. Cellini e Bilac e Bartrina.

Havia em torno a unção da Capela Sistina.
Cruz e Sousa, orgulhoso, olhou-me de soslaio;
Vi Cervantes, cantor do berço de Pelayo,
Victor Hugo – o albatroz, o condor, a águia alpina.

Vi Dante, que desceu do Inferno a funda gorja
E os revéis encontrou nas fogueiras terríveis...
Castro Alves temperava uma espada na forja.

Antero de Quental dialoga com a Glória...
Só B. Lopes me ouviu, dos deuses impassíveis,
– O Mestre dos Brasões, de eviterna memória!