J. Ferreira Sobrinho (1888-?)
Ao velho bardo coestaduano
Quintino Cunha
Por entre capinzais, entre um juncal florido,
defrontei, cismarenta, uma garça alvadia...
Agora, contemplava o espaço indefinido...
Depois, no espelho-d’água, a quieta imagem via...
Perto em perto, em seu bico, a piaba luzidia,
nos espasmos da morte, o dorso bipartido,
traspassada de dor, coitada! estremecia,
para não volver mais ao lago seu querido...
Enublou-se a atmosfera. Um rouco vendaval
soprou do Norte ao Sul. Veio a tarde, de manso...
E a garça, sempre ali, no plácido remanso
do lago, a refletir, no alvíssimo cristal,
a impecável brancura, evocada, esquecida,
a alma humana enfrentando os temporais da vida...