Amigos do Fingidor

sábado, 1 de maio de 2010

Poesia em tradução

Mark Alexander Boyd (1563-1601)



De areia a areia, selva a selva eu ando,
Presa da minha frágil fantasia,
Como o vime que o vento vai dobrando
Ou a folha a vogar na ventania.

Um cego pela mão me está levando,
Que uma criança fútil tem por guia
E uma mulher esguia atrai, nadando,
Nada do mar, mais ágil que uma enguia.

Triste de quem, a vida toda a arar,
Só ara a areia e semeia no ar.

Porém mais triste é aquele que se lança,
Movido pelo ímã do mal amar.
No fogo, atrás de uma mulher de mar,
Guiado por um cego e uma criança.


(Trad. Augusto de Campos)