Amigos do Fingidor

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Sorvo de ti

Liana Timm




Antes
eu tratava de sair
assim
laboratório de metais
sem flores
e máscara de carne

E tratava
de rondar no breu
o desamanhecer
fiel a esse tipo ausente
onde tudo é nada ou quase
onde não importa é chave
clave moderato

Antes
eu velava olhos
pele
embrulhava corpo alma
numa refratária competência
sempre sóbria
Hoje
ao invés de opaca
cintilo
como humana criatura
entre teus dedos

Rasgo as instruções
os resguardos
e tomo como minha
a tua boca
na desordem
dos momentos de fome
Sorvo de ti
a luz que prova
interminável
o desejo de amantes
que amam
como não sabiam

Hoje o coração avermelhado
antes quieto de anemia
jorra
arde e não se sacia surpresa
diante deste misterioso ato
de embriaguês
diante de um despudorado fato
que parece

na minha vida não cabia