Amigos do Fingidor

domingo, 11 de abril de 2010

Minha pátria é minha língua

Eu amo o gênio
Tobias Barreto (1839-1889)




Eu amo o gênio, cujo raio esplêndido
Tirou-me o pranto no pungir da dor;
Há sempre um gozo no correr das lágrimas,
Há sempre um riso no murchar da flor...

Vê-se no templo se elevar o incenso
Puro, expressivo que se queima aí;
E Deus aspira o matinal perfume
D’etéreas flores que espalhou em ti...

Quando, sublime de sofrer, um’alma
Rompe dos prantos o sombrio véu,
São glórias tuas, virginais desmaios,
Quedas de rosas nos jardins do céu.

E quem não sente clarear o sonho,
A ideia santa dum viver melhor?
E as harmonias dum amor que torna
A fronte altiva, o coração maior?

Na voz dos mares, na expressão dos ventos
Há um mistério de fazer pensar...
Nas forças d’alma, no poder do gênio
Há um segredo que me faz chorar...