Amigos do Fingidor

domingo, 4 de abril de 2010

Minha pátria é minha língua

Soneto a uma Senhora que o Autor conheceu no Rio de Janeiro e viu depois na Europa
Basílio da Gama (1741-1795)


Na idade em que eu, brincando entre os pastores,
Andava pela mão e mal andava,
Uma ninfa comigo então brincava,
Da mesma idade e bela como as flores.

Eu com vê-la sentia mil ardores,
Ela punha-se a olhar e não falava;
Qualquer de nós podia ver que amava,
Mas quem sabia então que eram amores?

Mudar de sítio à ninfa já convinha,
Foi-se a outra ribeira; e eu naquela
Fiquei sentindo a dor que n’alma tinha.

Eu cada vez mais firme, ela mais bela;
Não se lembra ela já de que foi minha,
Eu ainda me lembro que sou dela!...