Alckmar Santos
Em tudo se intromete o tempo, e o viço
Que em nós já coloria a face, agora
Já dana o corpo e entrega, sem demora,
A carne ao pó, e a alma a todo abismo.
É quase certa a dor, e o sempre olvido
Imprime essas suas marcas e atordoa,
Pois que nascemos todos em má hora
– É a vida que vivemos só ruído! –
Se a morte é ela, então, esse espetáculo
Que temos de montar sem mais vontade,
Enquanto o mais das gentes, todos pábulos,
Dão vivas e mais vivas com alarde,
Que seja então um circo em que, bem alto,
Se dê a ouvir a voz de quem se evade!