Amigos do Fingidor

sábado, 5 de dezembro de 2009

Poesia em tradução

Do Ciclo Versos sobre a Bela Dama
Aleksandr Blok (1880-1921)


No templo de naves escuras,
Celebro um rito singelo.
Aguardo a Dama Formosura
À luz dos velários vermelhos.

À sombra das colunas altas,
Vacilo aos portais que se abrem.
E me contempla iluminada
Ela, seu sonho, sua imagem.

Acostumei-me a esta casula
Da majestosa Esposa Eterna.
Pelas cornijas vão em fuga
Delírios, sorrisos e lendas.

São meigos os círios, Sagrada!
Doce o teu rosto resplendente!
Não ouço nem som, nem palavra,
Mas sei, Dileta - estás presente.


(Trad. de Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman)