Dona Ausente – IX
Mário Ypiranga Monteiro (1909-2004)
– Já se calaram todas as cigarras
no bucolismo dessas horas quedas.
Não vibram mais orquestrações bizarras
pelo silêncio bom das alamedas.
Amo-a demais. Às vezes sua ausência
a saudade deplora e eis-me a chamá-la
para que traga azul a esta querência
e um pouquinho de sol à minha sala.
Vem dela a minha glória e é dela o cheiro
de mocidade, que pelo ar se estrela.
Duvido que haja rosa em seu canteiro
que cheire tanto como a carne dela.