(Para um menino-muito-meu-amigo)
Creio em ti, menino-vadio
e no teu silêncio puro
só quebrado
pelo pranto sem lágrimas
contido num único soluço
que tua voz não realiza...
Creio em ti, menino-grande
e nos teus sonhos encantados
que acalantam
segredos de coisas
eternas
nas curvas turvas
da madrugada...
Creio em ti, menino-noturno
e no teu silêncio grave
machucado
por presenças impossíveis
que mastigam
solidões gêmeas
entre gritos estrangulados...
Creio em ti, menino-trazverso
e nas tuas tramas
claras e cheias
de palavras perfeitas
urdidas
no riso matreiro
e no hálito de noite
que te inaugura
em azul-grávido
de certezas.